27 de set. de 2012


CLARISSE

Ontem à noite, fui procurar na minha 
estante, um livro que me fisgasse com 
suas palavras, agora que estou fazendo
 aula de redação, leio prestando a maior 
atenção no jeito que um livro é escrito... 
e a história, vem depois. Para ler o livro 
da moda, 50 Tons de Cinza, vou ter 
que  inverter meu interesse atual,
e focar bem mais na história, rsrs,
mas voltando para ontem, eu peguei  
Clarisse na Cabeceira, livro com fragmentos 
dos seus romances, que já li e ainda vou 
ler mil vezes. Como disse Hélène Cixous, 
"Clarisse não escreve em português, 
mas em lispector".  Reli o capítulo com 
trechos de "Um Sopro de Vida", seu último 
e inacabado livro, onde ela fala muito 
da "coisa", depois fiquei imaginado se 
ela tivesse escrito um romance erótico...
Teria sido a "coisa erótica" mais erótica 
já escrita na face da terra, nem virando o 
livro de ponta-cabeça, como diz uma
amiga que esta no terceiro volume do Tons,
daria para imaginar a "coisa erótica"
 da Clarisse...


"Não posso ficar olhando demais um objeto senão ele me 
deflagra. Mais misteriosa do que a alma é a matéria. 
Mais enigmática que o pensamento, é a "coisa".

A "coisa" é coisa propriamente estritamente a
"coisa". A coisa não é triste nem alegre: é coisa.
A coisa tem em si um projeto. A coisa é exata.
As coisas fazem o seguinte barulho: chpt! chpt! chpt!
Uma coisa é um ser vivente estropiado. Não há
nada mais só do que uma "coisa".

"Palavra também é coisa - coisa volátil que pego no
ar com a boca quando falo. Eu a concretizo."


Clarisse Lispector
Trechos de "Um Sopro de Vida"

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